quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sr. Pintor

Okay, não sou a pessoa mais decidida do meu seleto grupo de amigos, mas também não sou a mais indecisa – ou sou? Também não sou a mais simpática – isso é certo, e de longe. Não sou a mais frágil, mas também não sou a mais Fiona. Não sou a mais resolvida, nem a mais (in)dependente. Mas com certeza sou a que menos é mais (?).

Tenho desenhos mentais de tudo o que quero e tudo o que não quero, e tenho aquele rascunho mental do que eu acho que não quero. Volta e meia esses desenhos se embaralham – e embaralham legal-, e eu já não sei mais o que eu quero.
Tem desenhos que estão comigo, têm outros que eu já descartei e apaguei, tem outros desenhos que guardo num arquivo e de vez em quando eles vêm me assombrar – geralmente, esses que embaralham tudo – e tem os desenhos chamados de inúteis que um dia ainda lhe confundirá tudo ou lhe servirá, e ainda tenho algumas cópias, essas eu exponho na minha galeria e falam tudo sobre mim.

‘Ei, Sr. pintor, será que dá pra desenhar mais claramente?’

É acho que não ta dando, acho que ele não ta me ouvindo direito. Ultimamente, deu pra fazer só desenhos abstratos. Confesso que não estou entendendo nada – nem mesmo esse texto -, não sei quais prestam, nem os que vão direto para o arquivo, e sinceramente não vejo algum pra ser exposto. Ta tudo temporariamente – ou não – no lixo. Creio que more um Monet na minha caixa cefálica – ou seria um bebê tentando pintar com giz de cera no maternal?


Só peço uma coisa pra esse meu querido habitante cefálico: ‘Ei, Sr. Pintor, pode ser mais claro? A lixeira já está ficando entupida’
.
Salve São Jorge !

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Crônicas, filmes, livros ...


Confesso que sou apaixonada pela colunista Martha Medeiros, e confesso também que a coluna dela é a primeira coisa que eu leio no jornal de domingo (sim, eu leio jornal). Coluna essa que não só aborda assuntos ‘mulherzinhas’. A cada coluna, um assunto e cada assunto mais admiração. E todo mundo que já leu, gostou. Crônica de primeira mesmo.
E pra ajudar descobri livros dela (embora não consiga baixar nenhum ¬¬), e sendo que um deles virou peça de teatro, e agora filme, Divã com a Lília Cabral.
O filme ainda nem lançou, e eu já to perturbando minhas amigas, dizendo que é bom. Acho que é o lance de ela misturar no filme: as crônicas da deusa grega, o Gianecchini, o Cauã Reymond, e o tiozão pegador, Zé Mayer... Fora todo o lance de ela fazer terapia, estar ligada ao meu novo lado psicóloga que tudo que seja ligado e interligado a área psíquica, esteja me interessando muito ultimamente.

-

Então queria deixar aqui o pedido para as pessoas que tenham esse livro, me emprestarem (com volta, eu prometo!), ou então pessoas que saibam aonde baixar... hahahaha
E o outro pedido é que quem não tiver nada pra fazer, dá um pulo no cinema e veja o filme. As meninas não se arrependerão e os meninos entenderão pelo menos um pouquinho das mulheres – coisa que nem é tão difícil assim.

-

Ok então, ‘ficadica’ e fica a crônica.

-


O amor que a vida traz

Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.
O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um emprego seguro. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da "Playboy". Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.
Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.
E agora você está aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada o amor solicitado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego.
Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia encomendado, mas a vida, que é péssima e atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que nem lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não especifica, não se experimenta em loja - ah, este me serviu direitinho!
Aquele amor discretinho por você sonhado vai parar na porta de alguém para o qual um amor discretinho costuma ser desprezado, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.


Martha Medeiros, Jornal O Globo, em 12/04/09

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Chegou a hora de crescer (?)

Março se foi, os 19 chegaram. E vejo que com eles a maturidade também chega. Chegou a hora de crescer, não crescer verticalmente, e muito menos horizontalmente. Chegou a hora de crescer mentalmente, objetivamente. A hora de amadurecer de verdade.
Incrivelmente tenho “pensado” nessas coisas, desde que fiz aniversário. E vejo que não sou a única crescendo por aqui. Acho que deu o estalo em muita gente. No meu caso, foi o peso do ‘umpontonove’, que vai se tornar DOISpontozero, e isso de uma forma ou outra, faz pensar, e te faz reparar no seu amadurecimento. No caso alheio, eu não sei o que foi, mas sei que o estalo também veio e crescemos sem ver.
Daqueles moleques infantis que eu estudei, muitos amadureceram – e de longe, lembram como eram antigamente – e os outros um dia ouvirão o estalo. As sessões nostálgicas ultimamente têm servido para ver as diferenças, que eu nunca imaginaria ver. Falamos do passado, falamos do futuro, corremos atrás do futuro, olhando adiante dele. E não mais esquecemos o amanhã.
E acho que estamos pra sempre amadurecendo. Até mesmo as pessoas que nunca imaginaríamos, um dia crescem. Deixamos as crianças, os adolescentes que existem em nós guardados, e nos tornamos alguém – ou pelo menos achamos isso.

“Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.”

Martha Medeiros (Colunista Deusa Grega)